O presidente da mineradora Vale, Roger Agnelli, afirmou nesta sexta-feira (24), em teleconferência com analistas, que prevê um cenário muito difícil para a companhia em função da queda de demanda.
Segundo ele, os embarques de minério da Vale devem ser reduzidos nos próximos três meses e, para 2010, a companhia poderá reduzir os investimentos. Para 2009, a companhia prevê investir US$ 14,2 bilhões."Em 2010 os investimentos podem cair significativamente", afirmou Agnelli. "Em outubro os embarques já ficaram um pouco abaixo da meta; em novembro vai ter um crunch (solavanco) no mercado", disse. Ele destacou que "não espera nenhum desastre no mercado".
Segundo ele, a redução está sendo provocada pela demanda mais fraca na China, onde os preços do minério no mercado à vista estão mais baixos do que os preços de contrato. O frete marítimo entre Brasil e China, que chegou a US$ 100 por tonelada, já caíram para US$ 10 a US$ 12 por tonelada.
"Alguns produtores de aço reduziram sua produção em 30%", afirmou.Outro fator negativo é o alto nível dos estoques de minério de ferro que se acumularam na China no primeiro semestre de 2008. "Existem montanhas de minério na China, e vai levar dois ou três meses para que estas reservas sejam consumidas", disse.
O executivo afirmou que a desaceleração da economia da China é concreta e que a companhia está aguardando para ver os efeitos de medidas do governo local para a retomada do crescimento acelerado.Segundo ele, em cerca de seis meses o mercado deve começar a se recuperar devido à redução de produção de mineradoras menos competitivas. A própria Vale está reduzindo sua produção em minas menos competitivas para evitar um excesso de oferta no mercado, de acordo com o executivo.
Investimentos - Segundo o executivo, a maior parte dos investimentos anunciados para 2009 será concretizada, mas ele não descartou a possibilidade de adiamentos. "Vamos concluir os projetos em andamento, mas os planos novos vão se acomodar de acordo com o mercado", disse.
Dentre os planos prioritários, segundo ele, estão os projetos de níquel de Goro e Onça Puma, a mina de concentrado fosfórico no Peru, os projetos de carvão em Moçambique e o projeto de minério de ferro de Serra Sul. No entanto, ele disse que a entrada em operação de Serra Sul poderá ser adiada para daqui a cinco a seis anos.
A meta anterior era iniciar a produção em três a quatro anos. "De qualquer maneira este projeto é importante para a Vale em qualquer cenário devido à alta qualidade do minério e aos baixos custos da mina", disse. Ele ressaltou ainda a importância dos projetos de logística na área de Carajás.
Texto: Natália Goméz
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