sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O REGIONAL ENTREVISTA FAISAL

Foi como vereador eleito mais votado que Faisal Salmen esteve na redação de O REGIONAL para a entrevista PERFIL desta edição. Na conversa, o “novo edil” de Parauapebas fez uma avaliação da conjuntura política de nossa cidade e falou sobre suas expectativas para o “futuro mandato” no Legislativo Mirim.

O Regional – O senhor, depois de duas derrotas eleitorais consecutivas, foi o vereador mais votado de Parauapebas nestas eleições municipais. A que o senhor atribui esta sua expressiva e consagradora votação em 05 de outubro?


Faisal – Acredito esta votação se deva ao exercício da medicina: curamos muita gente em Parauapebas e as pessoas reconhecem isso! E também pelas obras que realizei, quando fui prefeito de Parauapebas: eu fui o prefeito que mais obras realizei nesta cidade. Se hoje fizermos a somatória de tudo que os quatro últimos prefeitos realizaram não se equivalerá ao que fizemos quando estivemos à frente da prefeitura. Foram mais de 100 obras fundamentais para a cidade: a estrada de acesso à ferrovia, a Praça Mahatma Gandhi, a agência da Caixa Econômica, os cartórios novos, o posto do INSS, as escolas Paulo Fonteles e Cecília Meireles, entre outras. Também fomos responsáveis por toda estruturação do bairro da Paz, fizemos a maior compra de máquinas para a prefeitura, energia elétrica, distribuição de mais de 5 mil lotes, trouxemos o SENAC obra conquistada enquanto deputado. Foram muitas; tantas que o povo reconheceu e nos conduziu à Câmara Municipal. Devo dizer que nossa votação não foi ainda maior porque havia dentro de nossa própria coligação pessoas que não queriam nossa eleição e trabalharam contra nossa candidatura, afora os adversários.

O Regional – O senhor foi deputado estadual por duas. Como o senhor avalia esta experiência política? Qual foi a contribuição desta experiência para sua vitoriosa campanha deste ano e para seu mandato na Câmara Municipal?


Faisal
– A experiência teve muita validade. Mas, o que me honrou muito foi ter sido considerado, pela representante do PC do B, Cida Batista, como o deputado estadual mais inteligente e mais culto da Assembléia Legislativa do Pará. Do ponto de vista prático, meu grande trabalho na Assembléia, e que o povo não percebeu, foi o projeto de lei estadual que mudou o critério de distribuição do ICMS, a “Lei Faisal do ICMS”. O resultado desta lei foi que o Governo do Estado aumentou o repasse para Parauapebas em mais de R$ 500 milhões (quinhentos milhões de reais). Até a aprovação de nossa proposta, a distribuição do ICMS não seguia critérios técnicos: nós fizemos o governo estadual adotar critérios técnicos para o repasse d,o ICMS. Também propusemos a chamada “Lei dos Royallitites”, que fez aumentar a compensação financeira para Parauapebas. Hoje, passados 10 anos da lei, podemos dizer que as duas maiores arrecadações de Parauapebas têm a nossa rubrica. A lei de repasse já fazia parte da Constituição do Estado, mas não havia critérios para a distribuição dos recursos. Fizemos o percentual de repasse para o município subir de 6% para 11%.

O Regional – E agora, como vereador eleito e um dos únicos da próxima legislatura de oposição, como o senhor irar conduzir seu mandato, especialmente no relacionamento com o prefeito reeleito Darci Lermen?


Faisal
– Temos certeza de que será uma relação de respeito mútuo: aliás, sempre o respeitei. A história de nossa relação sempre foi pautada pelo respeito pessoal: nunca o difamei e nunca o caluniei. Mas, farei oposição, independentemente da postura política dos demais vereadores oposicionistas. Mesmo que estes venham a se aliar ao atual prefeito, nosso compromisso é com o povo de Parauapebas e com a democracia. Se não houver oposição na Câmara, na prática, não haverá mais a necessidade da existência da própria Câmara. Nossa oposição, entretanto, será uma “oposição republicana”, construtiva, propositiva, com o povo, pois, o povo tem que estar inserido no contexto político municipal. E o povo pode ter certeza de que não seremos cooptados. Aliás, este é um dos grandes problemas da democracia brasileira: o povo elege um parlamentar para ser oposição e, de repente, ele se deixa cooptar. Esta situação coloca em discussão a própria função das câmaras municipais em todo o Brasil. Volto a perguntar: se tiver oposição qual será o papel das câmaras? Este é um paradigma que a democracia brasileira: qual deve ser de fato a função das câmaras. Se pensarmos que as câmaras têm um papel fiscalizador, então devemos nos perguntar por que os prefeitos se esforçam tanto para cooptá-las. Se um prefeito age corretamente, então ele não precisará cooptar ninguém. Nossa postura será a que sempre tivemos. Eu posso afirmar que não comprei nenhum voto, nem quando fui deputado, nem nestas eleições. Seremos um parlamentar de verdade. Pois, uma coisa é a imagem que os adversários tentam fazer de mim; outra é nossa atuação. Um ponto chave desta nossa atuação será a proposição de uma reforma estrutural em Parauapebas, além de cobrarmos uma gestão pública mais transparente. Nisto não há nada de inovador: estamos pedindo apenas para que a Constituição seja respeitada: exigiremos que o prefeito e a própria Câmara prestem contas a cada 4 meses, como manda a lei maior.

O Regional – Depois de sua votação, e em se considerando sua experiência política, o senhor certamente vem matutando acerca de seu futuro político, tanto no curto prazo (2010) quando no médio (2012). O senhor pretende ser candidato nessas próximas eleições?

Faisal
– Uma das características de nossa vida política é ter sempre sido excessivamente transparente. E não afasto a possibilidade de vir a candidatar a deputado estadual outra vez. E tenho muitas razões para isso: por exemplo, por conta da ausência de uma representação na Assembléia Legislativa nossa cidade perdeu a chance de ter uma siderúrgica. O dia da reunião que decidiu isso, 04 de março de 2008, o “dia da infâmia”, estavam presentes o presidente Lula, a governadora Ana Júlia, o prefeito de Marabá (Tião Miranda), o presidente da Vale, Roger Agneli, e representantes da Câmara Municipal e da sociedade civil daquela cidade, nós perdemos um investimento de R$ 60 bilhões. Eu venho lutando pela instalação de uma siderúrgica dessa em nossa cidade desde que era prefeito. Esse investimento equivaleria a uns 30 anos de arrecadação do município de Parauapebas. Na tal reunião, sequer tivemos um representante de Parauapebas. Nem seu nome foi citado. De certo modo, isto confirma aquela tese que diz que caímos no paradoxo de que “quanto mais riquezas produzimos para os outros, mais pobreza nós acumulamos”. Não podemos nos esquecer que o ciclo do minério tem começo, meio e fim: o ciclo do ouro de Serra Pelada, por exemplo, durou apenas 25 anos.

O Regional – Já que o senhor mencionou a governadora Ana Júlia, como o senhor avalia o fato de que, apesar de o prefeito de Parauapebas, Darci Lermen, também ser do PT, vemos poucas parcerias com o governo do Estado, até mesmo a presença física com órgãos e representação é praticamente inexistente?


Faisal
– Parauapebas é a cidade que será utilizada como pólo para investir nas candidaturas do PT, nas próximas eleições. Como, aliás, já foi feito nas de 2006. “Nós somos o corpo: e sugam o nosso sangue.” Não quero exaltar o meu partido, mas, em nossa cidade, temos uma obra do PMDB e algumas do PT, o resto foi o PSDB que fez. E, no caso do PMDB, na verdade, o que o Jader (Barbalho) fez, quando era governador, foi regulamentar o “lei dos royallities”, que foi feita pelo governo Hélio Gueiros. Outra coisa que conta é a forma como o gestor se relaciona, se impõe. Nossa cidade é econômica e politicamente importantíssima. Somos a segunda arrecadação do Estado do Pará. E temos que buscar alternativas econômicas para cá: a siderúrgica era essencial. Nesse sentido, é preciso termos a percepção que o processo democrático não está completo: a Câmara Municipal calada; os parlamentos em geral, calados; com a ditadura das armas substituída pela ditadura do dinheiro, do poder econômico; temos que exigir que nosso gestor se imponha. Nestas eleições vimos isto: a pessoa pode ter a maior nobreza de caráter, mas, se não tiver dinheiro, não se elegerá. Nossa cidade será usada pelo PT para financiar suas candidaturas.

O Regional - Defeito
:

Faisal – ser passional.

O Regional - Qualidade
:

Faisal – coragem.

O Regional - Personagem
:

Faisal – Mahatma Gandhi (foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto, como um meio de revolução.).

O Regional - Frase:

Faisal - “Ser idealista é ser comprometido com os interesses populares e totalmente desprovido de interesses pessoais” (autoria própria).

3 comentários:

Anônimo disse...

Legislativo mirim? o que é isso? votaçao expressiva e consagradora? não é exagero para uma votaçao que beirou o fiasco? admirador de Mahatma Ghandi, ele pode até ser mas age como Mike Tyson. Numa coisa temos que concordar com ele, não precisamos de camara de vereadores, ela é totalmente inutil.

Eldan de Lima Nato disse...

"o povo tem que estar inserido no contexto político municipal"... a expressão beira uma redundância. O contexto "político" municipal (aliás, qualquer contexto político) existe pelo, por meio e para o "povo". Aliás política e povo são inseparáveis, mesmo que muitos políticos (que nem deveriam ser chamados de "políticos") imaginem que sejam dissociáveis.
A esperança de que seja uma oposição a favor do povo é grande! Estamos fartos de picuinhas e falsas ideologias.

Anônimo disse...

""O Regional - Personagem:
Faisal – Mahatma Gandhi (foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto, como um meio de revolução.).""

Esse Faisal aí é outro. Ele mesmo disse que é passional. E o homi gosta de bater meu amigo... não agressaõ é? pra cima de moi!!!!