terça-feira, 4 de novembro de 2008

A POLÍTICA E OS EVANGÉLICOS

A última eleição municipal levantou uma questão antiga e que a muito me intrigava:

O poder dos evangélicos em uma eleição.

Por todos os cantos do país se vê candidatos se elegendo pela força de uma torcida, de um sindicato, de uma empresa, de uma comunidade. Porque não se repete com a Igreja Evangélica em nosso município.

O crescente número de evangélicos registrado nos últimos anos faz do segmento um atraente nicho de potenciais eleitores. De 1940 a 2000, passaram de 2,6% para 15,4% da população brasileira. Hoje, são cerca de 30 milhões de fiéis em todo o país. Por outro lado, rejeição por parte de setores laicos ou ligados a outras religiões e falta de unidade entre as igrejas têm limitado o poder político do rebanho.

Segundo o deputado João Campos (PSDB-GO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso, o número de Igrejas cresceu bastante, mas é muito fragmentado. “No segmento católico, é bem mais fácil articular, pois é uma única igreja. Nós temos inúmeras denominações, cada uma com um líder".

Criado em 2005 com a intenção de unificar a bancada evangélica no Congresso, o PRB abriga hoje políticos de outras religiões. A abertura se estende também aos candidatos apoiados pela legenda. "Temos um estatuto do partido, mas não entra religião. Seria contra a democracia", revela o pastor Aguinaldo de Jesus (PRB), secretário de Esportes do DF.

São os pastores que conduzem suas congregações. O potencial dos fiéis como eleitorado reside na relativa facilidade de os líderes evangélicos “orientarem” parte dos fiéis a votar em candidatos escolhidos pela igreja. Pastor Ronaldo admite que, entre a comunidade de baixa renda, é mais fácil direcionar o voto. “Classe mais baixa é mais fácil de ser orientada”, diz.

A denúncia de envolvimento de parlamentares evangélicos com o esquema de fraude na compra de ambulâncias reduziu de 60 para 15 o número de deputados que integravam a Frente Parlamentar Evangélica no início de 2007

Parauapebas

Parauapebas conta hoje com mais de 20 mil evangélicos, de várias doutrinas e congregações. A mais importante delas, pela quantidade de fiéis, sem dúvida é a Assembléia de Deus, que está sob a doutrina do Pastor Fenelon, ex-secretário de obras do governo Darci Lermen. Sempre imbuído no sentido político, em trazer para sua congregação a força necessária para arregimentar os fiéis em torno de um “bem” comum. Pastor Fenelon e sua congregação também estiveram presentes nessas eleições.

Por sinal, Pastor Fenelon e sua congregação, foram disputados e avaliados a peso de ouro nas convenções e discussões políticas que antecediam o pleito eleitoral. Conseguiu emplacar o vice na chapa encabeçada pela deputada Bel Mesquita e fortalecido por uma ótima assessoria demonstrava força política junto a seus fiéis, pastores e autoridades eclesiásticas do município. Passava para os aliados uma força política que não obteve fruto nas urnas.

Fenelon não se saiu vitorioso. Nem ele e nem a sua Igreja. Os evangélicos capitaneados por ele demonstraram imparcialidade em relação à candidatura do também pastor e dirigente da Congregação, Pastor Moisés, bem como dos “irmãos” candidatos a vereadores. A votação para proporcional foi igualmente dispersa entre vários candidatos. Crentes, católicos, agnósticos e até ateus foram contemplados com os votos da Comunidade denominada Assembléia de Deus.

Volto agora a questionar o poder, não dos evangélicos, mas dos dirigentes evangélicos. Questiono o poder de arregimentar em prol de um único candidato a unidade da Igreja. O fato ocorrido nas eleições municipais de 2008 em Parauapebas deverá ser lembrado e servirá de exemplo para as futuras proposições políticas, para os futuros acordos.

Até onde valerá a pena trocar a imparcialidade da Congregação Evangélica por apoios de diversos setores da sociedade cristã? Católicos, espíritas, pentecostais, simpatizantes do candomblé e das religiões de origem africana também devem ser prestigiados? Deixar a religião de lado e fazer aquele velho jogo de candidato temente a Deus e que respeita e precisa do voto de todas as crenças, do candidato sem preconceito e sem doutrina religiosa assumida parece ser, ainda, o melhor negócio.

Existe um velho ditado que diz mais ou menos o seguinte: “política, religião e futebol, não se discute”.

A posição representativa da comunidade evangélica no jogo político. Isso se pode discutir.

11 comentários:

Anônimo disse...

Objetivamente acho que os líderes religiosos tem papel político importante nao só junto as suas comunidades mas perante a sociedade como um todo.Um líder religioso não pode se omitir do processo político simplesmente por exercer funcão de orientador espiritual.
A exemplo de outros grupos religiosos os evangélicos tem também o livre arbítrio de concordar ou não com a opinião de seus líderes.E agora mais recentemente isso tem se manifestado mais frequentemente.
Mesmo comprometidas espiritualmente com seus pastores, bispos, as pessoas fazem por si mesmas o discernimento entre o compromisso de fé e o compromisso político, assumindo esta ou aquela preferência política sem no entanto comprometer a sua fé ou vínculo com sua igreja.
Alias esse tipo de comportamento é um ótimo sinal de maturidade, de consciência entre a vontade própria e o desejo do lider,que nem sempre coincide com a vontade do indivíduo, com o seu desejo de mudanca ou não.

Anônimo disse...

Sendo assim, nao vejo o pastor Fenelon como derrotado. Fez o seu papel de lider político e de lider religioso também. Se a votacão em torno dos canditatos evangélicos para o cargo de vereador e também para prefeito nao correspondeu as expectativas do pastor é porque um grande numero de fiéis nao quis votar em quem o pastor sugeriu que votassem.

Anônimo disse...

E com todo o direito. Numa democracia é preciso respeitar a opinião das pessoas, e voto é pra ser conquistado. Pelo argumento, baseado na razão e com o elemento emotivo, caracteréstico de uma boa conquista (porque há aquela conquista escusa que nao é nosso objeto de interesse).
Mais do que isso, a resposta dos evangelicos nessa eleicão é um ótimo exemplo de que as pessoas podem conviver de maneira sadia, mesmo divergindo poticamente em seus interesses. É uma prova de que o respeito é possével e extremamente sadio em todos os aspectos.

Anônimo disse...

Zédudu, voce precisa ajudar o povo de parauapebas a se livrar o jogo da submissao cega. Achei otimo que o povo da igreja pensasse assim. Falta agora voce, eu e nós todos que fizemos a campanha da Bel aprendermos a discordar da voz preponderante.
Temos opiniao , meu caro, e são lindas as nossas opiniões, muitas vezes nao coincidentes. Agora vai ser assim, pauleira sempre. Chega de submissão.

Anônimo disse...

O Dr. Hipolito ja está em campanha rumo a Assembleia Legislativa Paraense em 2010. Boa sorte!

Eldan de Lima Nato disse...

Talvez seja consenso considerar a "maturidade política" baseada na influência que um lider religioso tem junto aos seu rebanho. Discordo no entanto quando a questão passa da orientação (sempre FORA da liturgia dos cultos/reuniões)e vai, inclusive para a "orientação induzida". Persuasão é diferente de pressão. Não estou afirmando que isto tenha acontecido em Parauapebas, mas a forma como foi colocado e debatido até aqui, parece mesmo que os evangélicos seriam uma massa cega que caminha para onde seu líder aponta. Como cristão evangélico afirmo: a Igreja (observada como corpo único) olha para as coisas espirituais, e como indivíduos, temos voz própria, cada um. Aconteceu o que deveria realmente acontecer em Parauapebas.

Anônimo disse...

Não sei o Zé Dudu concorda ou discorda do envolvimento do Pr. Fenelon na política, mas a verdade é que, a forma que o líder evangélico vinha fazendo com os cristãos não foi nada democrático, e o povo não é bobo pra não entender isso. Apresentar os candidatos em prol de votos dentro do templo, e ainda impor que os irmãos votassem em quem ele apoiava, não foi de forma democrática e sim opressora.

Zé Dudu disse...

Se o Pastor deve ou não se envolver na política não cabe a mim decidir. A postagem tenta mostrar que a influência, não de Fenelon, mas, dos dirigentes evangélicos em geral, não está tendo a eficácia que é esperada de um líder.

Anônimo disse...

Concordo com a posiçâo sensata do do Dr Hipòlito Reis,seria bom se tivessemos assim como no espiritual tambem o mesmo pensamento em termos politico,poderiamos ser mais beneficiados,no entanto nâo estamos juntos com este proposito e temos livre arbitrio quando existe pressâo gera efeito contrario afinal è politica, o lider Não deve ver como rebeldia ou desobediencia.A autridade e a eficacia de um lide tem que ser relacionada com a obra de DEUS.

Anônimo disse...

NÃO vejo pastor Fenelon como derrotado no sentido politico pois sua meta principal creio eu nâo e esta e a igeja em geral independe de apoio politico para crescer.sua igreja é uma tem mais membros.Só precisa ser mais discreto ao apoiar seus candidatos, a exemplo do meu pastor ao contribuir com a vitoria da nossa candidata reeleita.

Anônimo disse...

PR. FENELON lIMA SOBRINHO, UM GIGANTE NA NOSSA IGREJA, MAS PERDEU A MORAL NAS DUAS ELEIÇÕES QUE DISPUTOU COM SEUS CANDIDATOS. jOGOU "OS SEUS" NO BURACO. nA POLITICA É UM DERROTADO SIM, PORQUE ELEIÇÃO É VOTO E QUEM NAO TEM VOTO É DERROTADO. cOITADO DO pR. MOISÉS, TA NA JUQUIRA...