Discurso fúnebre de Marco Antônio em homenagem a Cezar.
Peça oratória foi pronunciado por Marco Antônio, nas escadarias do Senado Romano, em frente ao corpo de Cezar, assassinado a facadas pela conspiração de Brutus e Cassius.
O texto é um pouco longo mais vale a pena conferir, garanto!
Para se entender o lance político do discurso é preciso relatar o contexto em que foi feito. O assassinato de Cezar havia sido aceito pela população, já que a explicação dada por seus autores foi a de que Cezar estava prestes a dar um golpe e se auto-nomear Rei, o que em Roma era absolutamente inaceitável.
Marco Antônio era muito próximo de Cezar, correu o risco de morrer junto com ele, e, para evitar que reagisse ao ataque foi distraído por um dos senadores da consperata para uma conversa fora do local do crime.
Consumado o assassinato de Cezar, Marco Antônio, procurado pelos conspiradores, acertou com eles que falaria no Senado em prol da pacificação dos ânimos. Preservou assim sua prerrogativa de fazer o discurso fúnebre de Cezar.
Nesse discurso, frente a uma massa de cidadãos que até há pouco apoiavam e admiravam Cezar, e que agora o condenavam em virtude das informações passadas por seus agressores, Marco Antonio, começa dando razão aos conspiradores, para ganhar tempo e ser ouvido pela massa. Depois faz com que que a platéia se sinta culpada por pensar mal de Cezar, passando logo a amá-lo novamente. Por fim, fecha o discurso fazendo com que os presentes tomem pra si a vingança merecida. Sensacional!
O discurso:
"Amigos, romanos, cidadãos dêem-me seus ouvidos. Vim para enterrar Cezar, não para louvá-lo. O bem que se faz é enterrado com nossos ossos, que seja assim com Cezar.
O nobre Brutus disse a vocês que Cezar era ambicioso. E se é verdade que era, a falta era muito grave, e Cezar pagou por ela com sua vida, aqui, pelas mãos de Brutus e dos outros. Pois Brutus é um homem honrado, e assim são todos eles, todos homens honrados. Venho falar no funeral de Cezar. Ele era meu amigo, fiel e justo comigo. Mas Brutus diz que ele era ambicioso. E, Brutus é um homem honrado.
Ele trouxe muitos prisioneiros para Roma que, para serem libertados, encheram os cofres de Roma. Isto parecia uma atitude ambiciosa de Cezar? Quando os pobres sofriam, Cezar chorava. Ora, a ambição torna as pessoas duram e sem compaixão. Entretanto, Brutus diz que ele era ambicioso. E, Brutus é um homem honrado.
Vocês todos viram que na Festa de Lupercal, eu, por três vezes, ofereci-lhe uma coroa real, a qual ele por três vezes recusou. Isto era ambição? Mas Brutus diz que ele era ambicioso. E, Brutus, todos nós sabemos, é um homem honrado.
Eu não falo aqui para discordar do que Brutus falou. mas eu tenho que falar daquilo que eu sei. Vocês todos já o amaram e tinham suas razões para amá-lo. Qual a razão que os impede agora de homenageá-lo na morte?"
Nesse momento, Marco Antônio faz uma pausa no discurso, e as pessoas do povo começam a refletir sobre o que ele disse, e a questionar se Cezar tinha afinal merecido a morte que teve. Passado este interlúdio, retornou Marco Antônio a falar.
"Ontem, apalavra de Cezar seria capaz de enfrentar o mundo, agora, jaz aqui morta. Ah! Se eu estivesse disposto a levar seus corações e mentes para o motim e a violência, eu falaria mal de Brutus e de Cassius, os quais, como sabem, são homens honrados. Não vou falar mal deles. Prefiro falar mal do morto. Prefiro falar mal de mim e de vocês do que desses homens honrados.
Mas eis aqui um pergaminho com o selo de Cezar. Eu o achei no seu armário. É o seu testamento. Quando os pobres lerem o seu testamento (porque, perdoem-me, eu não pretendo lê-lo) eles se arrojarão para beijar os ferimentos de Cezar e molhar seus lenços no seu sagrado sangue."
O povo reclama de Marco Antônio e exige que ele o leia.
"Tenham paciência amigos, mas eu não devo lê-lo. Vocês não são de madeira ou de ferro e sim humanos. E, sendo humanos, ao ouvir o testamento de Cezar, vão se inflamar e ficarão furiosos. É melhor que vocês não saibam que são os herdeiros de Cezar! Pois se souberem... o que vai acontecer?
Então vocês vão me obrigar a ler o testamento de Cezar? Então façam um círculo em volta do corpo e deixe-me mostra-lhes Cezar morto, aquele que escreveu em vida esse testamento.
Cidadãos, se vocês tem lágrimas, preparem-se para soltá-las. Vocês todos conhecem este manto. Veja, foi neste lugar que a faca de Cassius penetrou. Através deste outro rasgão, Brutus, tão querido de Cezar, enfiou a sua faca, e, quando ele arrancou a sua maldita arma do ferimento, vejam como o sangue de Cezar escorreu.
E Brutus, como vocês sabem, era o anjo de Cezar. Oh! Deuses, como Cezar o amava. O golpe de Brutus foi, de todos, o mais brutal e o mais perverso. Pois, quando o nobre Cezar viu que Brutus o apunhalava, a ingratidão, mais que a força do braço traidor, parou seu coração. Oh! Que queda brutal emus concidadãos. Então eu e vocês e todos nós também tombamos, enquanto essa sanguinária traição florescia entre nós.
Sim, agora vocês choram. Percebo que sentem um pouco de piedade por ele. Boas almas. Choram ao ver o manto do nosso Cezar despedaçado. Bons amigos, queridos amigos, não quero questionar a revolta de vocês. Aqueles que praticaram esse ato são honrados.
Quais as queixas e interesses particulares os levaram a fazer o que fizeram, não sei. Mas, são sábios e honrados e tenho certeza que apresentarão a vocês as suas razões. Eu não vim para roubar seus corações. Eu não sou um bom orador como Brutus. Sou um homem simples e direto, que amo os meus amigos."
Seguem-se novamente comentários das pessoas, já agora lamentando o assassinato e condenando os assassinos. Volta Marco Antônio.
"Aqui está o testamento, com o selo de Cezar. A cada cidadão ele deixou 75 dracmas. Mais, para vocês ele deixou seus bens. Seus sítios neste lado do Tibre, com suas árvores, seu pomar, para vocês e para os herdeiros de vocês e para sempre. Este era Cezar. Quando aparecerá outro como ele?"
Revoltada, a massa sai rumo às casas dos conspiradores para vingar Cezar.
Texto extraído do boletim PPP
2 comentários:
um espetáculo,parabéns, blog também é cultura
Havia na Paraíba, em meados da década de 60, um vereador que, guardadas as devidas proporções, tinha o mesmo poder de manifestar na população os mais interessantes desejos. Ele usava a palavcra e não se ouvia um pio de ninguém. Lembrei-me dele : Juarez Batista de Oliveira, o Juba.
Postar um comentário